As ruas e as meninas superpoderosas


Elas não são a Florzinha, Lindinha e Docinho. Nem são chamadas por qualquer apelido no diminutivo. São muito mais do que três. São muitas. Nas últimas semanas tomaram às ruas de Porto Alegre e de várias cidades do país, muitas vezes à frente dos protestos por um transporte público de qualidade e pelo passe livre estudantil. Estiveram em reuniões organizativas, elaboraram cartazes, faixas, marcharam na linha de frente, a um só tempo destemidas e zelosas pela segurança de todos e todas que estavam no movimento.
Eram as jovens da UNE, da UEE Livre, da UJS, da Marcha Mundial das Mulheres, das centrais sindicais, do Levante Popular da Juventude, da Via Campesina, da UBM, do Movimento Negro Unificado, do Hip Hop,  da luta pela moradia. Protagonistas de seus movimentos, de suas lutas e suas vidas, essas jovens mulheres raramente estiveram a luz dos holofotes, nos closes fotográficos, nos destaques jornalísticos. A cara dos protestos ainda segue muito masculina, embora sua mola propulsora tenha uma força feminina significante.
Essa participação efetiva nos movimentos sociais também merece destaque na militância partidária. Nossas jovens mulheres não se intimidaram com o lema "sem partido". Estiveram presentes e não recuaram mesmo diante das agressões físicas. Apesar de não portarem bandeiras do partido, eram agredidas e oprimidas pelo simples reconhecimento de sua filiação partidária.
E aqui rendo meu mais profundo reconhecimento e homenagem às jovens mulheres petistas. Corajosas o suficiente para admitirem que muitas vezes foram às ruas temendo por sua segurança. Não tiveram medo de sentir medo. Estas jovens mulheres fortes, solidárias, conscientes de seu tempo e de sua história. Elas não são Florzinha, Lindinha e Docinho. São Íris, Juliana, Laura, Clarananda e muitas outras. Gurias que sonham, ousam e revolucionam.

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